Folhas soltas de um diário
Livro: Folhas soltas de um diário
Autora: Elena Arkind
Editora: Iluminuras
ISBN: 85-7321-191-1
Ano: 2003
Páginas: 127
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RECOMENDO ::. Minha Avaliação: ★★★★ -> Muito bom!
Sinopse: "A autora faz uma reflexão sobre a vida e divide com o leitor experiências pessoais de forma direta e sincera que vivenciou nos seus
82 anos. Elena Arkind narra sentimentos e reflexões sobre o mundo, as
pessoas, a sociedade e o amor. Dividido em quatro partes o livro narra
momentos singulares de sua vida. Sua reflexão e experiência ao mesmo
tempo em que são contadas podem servir como ensinamentos para o leitor." (Skoob)
"Se todo diário nos coloca em perspectiva diante de uma vida, também é verdade que essa experiência intransferível se revela em múltiplas superfícies lembrando o texto de ficção. A forma do gênero, com seu estilo fragmentado, o coloca como uma quase parente da narrativa contemporânea.
Elena Arkind, autora de Contos da carochinha para gente grande e Diário íntimo de um cachorro, realiza um profundo diálogo consigo mesma, com a coragem de quem sabe que "as confissões são fáceis e perigosas". Não há sequências lógicas de núcleos narrativos; há cenas fragmentadas, captadas em tempos e lugares distintos. Entretanto, essa forma de relato, recolhendo a maneira pela qual a história é percebida pela narradora, lhe permite que os acontecimentos descritos adquiram significação plena, ampliando o domínio da expressão.
A autora parece perseguir um lugar que legitime vida e ficção. O ponto de vista não é um problema, pois a prática e o tema precedem a teoria. Para tratar da história de uma vida, inverte a ordem "natural" do relato, tomando um dizer emprestado da lírica para introduzir a vida na narrativa. A ausência de história no plano da ficção, engendra um relato denso e poético no plano da escrita.
Recortes precisos, vivenciais. Nestas Folhas soltas de um diário encontramos a intuição de uma vida. E no ato de escrevê-la, a intuição encontra sua fundamentação, já que a exposição intuitiva, está baseada no pensar e contemplar sistemáticos" (Samuel Leon)
Considerações:
Comprei esse livro em uma feira que aconteceu em um shopping da minha cidade, e me chamou a atenção por ser um livro que tem o gênero "diário" (um dos meus preferidos), além da capa linda. Além de estar custando R$9,00 (acreditem!). Mesmo não conhecendo a autora, gostei da apresentação e não me arrependo, o livro é lindo, em todos os sentidos!
Para começar, ele vem com um marcador de livros, com a mesma estampa do fundo da capa. O marcador é destacável da "orelha" do livro. Muito bacana!
O livro é dividido em 4 partes, sendo: Folhas soltas de um diário; Intermezzo; A ilha onde nunca mais porei os pés e Folhas de Outono.
É uma narrativa sobre a vida de uma mulher, contada através dos seus diários de 1962 até 1997, passando por vários estágios de sua vida. É triste, emocionante, toca no fundo da alma e nos faz refletir sobre questões de amor, solidão, família, etc.
Trechinhos que gostei:
Alguns (muitos) trechinhos que eu marquei:
"Há pessoas que não sabem viver sem trabalhar. Outras não sabem viver sem sofrer. Eu era assim. Enquanto sofria, sabia que existia. E procurava o sofrimento, me apegava a ele, cultivava-o."
"Eu sabia disso tudo e o amava assim mesmo, porque os amados e os amigos a gente aceita como eles são."
"Você sabe que gosto tem a saudade? Aquela saudade doída que machuca e faz a gente chorar bem baixinho pelos cantos ou então gritar, uivar como um animal ferido?"
"A vida sem amor é pobre e inútil. É fria."
"E eu só, como sempre. Para mim não há amor, nem carinho, nem carícias. Sonhos e castelos eu os construo sem ninguém".
"É tão triste estar sem amor no meio dos que se amam."
"Quando se está só não há ninguém para nos machucar."
"É estranho como nossos valores mudam quando, de uma hora para outra, nos damos conta, conscientemente de que a vida que nos é entregue vem sem nenhum certificado de garantia e que não há nada mais certo do que o ditado popular de que para morrer basta estar vivo."
"E se o desgaste mental, intelectual ou emocional ocorrem com frequência, o fisico, esse não falha nunca. Pensando bem, acho que até é melhor quando os dois ocorrem juntos porque para uma mente lúcida assistir à decadência e dependência física deve ser no mínimo humilhante e cruel."
"Cada ser humano deve se esforçar em deixar um rastro, um marco que ateste a sua passagem nesta vida. Eu evidentemente não vou deixar marco nenhum e agora já é tarde."
Elena Arkind nasceu em Paris, França, em 1921 e passou a infância e a adolescência na Romênia e aprendeu a falar oito idiomas. Aos 17 anos desembarcou no Rio de Janeiro, onde se casou, teve filhos e se naturalizou brasileira.